terça-feira, 5 de julho de 2016

Rumo à mãe que agora desejo ser

Imagem via Pinterest
Desde que a Margarida nasceu, as minhas aprendizagens são diárias. Uma das primeiras lições que a Margarida fez questão de me dar foi que, definitivamente, cada bebé é único. 

Mesmo antes de sequer pensar em ser mãe, já tinha a mania que percebia muito do assunto. Não opinava sobre a educação de filhos alheios, mas tinha sempre uma opinião. Quando a minha afilhada nasceu, há quase 9 anos atrás, comecei a consumir tudo o que me aparecia sobre bebés, crianças, psicologia infantil, estágios de desenvolvimento e por aí em diante. Fiz ali um estágio que me fez sentir mestre na coisa.

Sempre tive uma ideia relativamente clara de quem gostaria de ser enquanto mãe – uma mistura equilibrada de brincadeira, afecto e disciplina.

AHAHAHAHAHAHAHA!

Como se eu pudesse ser a mãe que sempre imaginei, sem atender a quem seria o/a filho/a. Como se esses fossem papeis estanques. Como se eu pudesse ignorar a parte mais importante e decisiva na equação da maternidade: o filho. 

Eis que chega a Margarida. Uma bebé ainda mais perfeita do que imaginava... mas muito mais chorona e insatisfeita do que poderia imaginar ser possível. Quando nasceu, o médico comentou ‘que belos pulmões’, e essa foi a única vez em que o choro dela me fez feliz. Na verdade, nunca se tratou de um choro -  a Margarida gritava, berrava a plenos e belos pulmões. Com cólicas? Não, o tempo todo, excepto a ser alimentada ou a dormir. A Margarida sempre foi impaciente, sempre teve uma voz que se faz ouvir (demasiado) bem, sempre quis fazer 1000 coisas ao mesmo tempo e ir descansar era coisa para meninos. 

Não posso dizer que imaginava, ainda na gravidez, que teria uma filha calma (bastava o facto de haver 90% de hipótese de ser carneiro!). Mas nunca imaginei que houvesse um bebé assim, ao ponto de os pais o levarem aflitos a uma urgência, após 3 dias de choro non stop – em que nada se diagnosticou. Até à data, imaginava eu que, sendo a mãe que sempre desejei ser, iria conseguir tranquilizar a minha filha. Mas a Margarida fez questão de aniquilar aquele meu mestrado, que tanta segurança me havia dado no passado.

Com o passar dos meses fomos começando a conhecer a Margarida. As suas necessidades, gostos, preferências, vontades... e, consequentemente, conseguimos começar a identificar o que mais a incomodava, destabilizava ou irritava. 
O caminho foi longo, mas se houve outra coisa que a Margarida me ensinou desde cedo, foi a não comparar. A não nivelar a experiência pela experiência da amiga x ou y. A não considerá-la uma bebé “dificil”, só porque a bebé da x era tranquila e mal se ouvia a chorar. Afinal, a Margarida, noutras questões, como no que toca às horas que dormia seguidas ou ao quão bem comia, poderia ser considerada uma bebé “fácil”. 

A Margarida mantém muitos dos traços com que nasceu – e que agora nada são problemáticos para nós. Considero agora a Margarida uma criança “fácil”, dentro do desafio que qualquer criança (saudável) de 2 anos representa. O que mudou? Nós. A nossa abordagem, a nossa forma de (saber) lidar com ela. A base é sempre a mesma: o respeito e a paciência. E algumas ferramentas PRECIOSAS!

Quando me vi com as voltas ali um pouco trocadas, a afastar-me cada vez mais da mãe que desejava ser, senti necessidade de abordagens diferentes, reais, justas e que me fizessem ver, não como adulta, mas através dos olhos da minha filha.
Sabia que teria de respeitar sempre a Margarida, a pessoa que ela é – independentemente de ter 70cm ou 1,80m. Sabia que teria(mos) um papel crucial na orientação que levaria ao florescer da personalidade, dos gostos, da essência. Que nos cabia a nós direccionar da forma mais saudável e respeitosa – tendo sempre em mente que o objectivo nunca seria moldar a criança à imagem das nossas preferências pessoais, mas muni-la de ferramentas que a permitissem travar esse caminho de auto-descoberta, auto-controlo, auto-confiança, sempre com o nosso amparo e orientação. Mas faltavam-me as técnicas mais adequadas. 

Foi então que nos debruçamos sobre a disciplina positiva, a parentalidade consciente e o mindfulness. 

De que forma é que isso nos ajudou, ajuda e ajudará sempre? Eu explico no próximo post! :)

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